Sintomatologia em fumo diferencia linhagens de Xylella fastidiosa de citros e de cafeeiro e sugere especificidade de hospedeiro

Abstract

A bactéria Xylella fastidiosa (Xf) vem ocasionando danos em várias culturas de interesse econômico em nosso país, sendo responsável pela clorose variegada dos citros (CVC) e atrofia dos ramos do cafeeiro (ARC). A sintomatologia diferencial manifestada por plantas de fumo (Nicotiana spp.), quando inoculadas com Xf-CVC e Xf-ARC, demonstrou que ambas diferem em patogenicidade (Fitopatol.bras., v.26,p.305,2001). Esse resultado também indica que plantas de fumo podem servir como ferramentas em estudos sobre especificidade daquelas linhagens por seus respectivos hospedeiros. Assim sendo, conduzimos estudo abrangente envolvendo 1017 colônias, sendo 738 da linhagem Xf-CVC e 279 da linhagem Xf-ARC. As colônias, obtidas de isolamentos de materiais sintomáticos provenientes de propriedades onde eram cultivados café e citros (cultivos vizinhos) ou somente uma dessas espécies, foram inoculadas (método "pin prick") no caule de plantas de fumo (Nicotiana clevelandii) com 40 dias de idade, cultivadas em Plantmax hortaliças e mantidas em casa-de-vegetação. Das 738 colônias de Xf-CVC, 584 (79%) induziram sintomas foliares característicos de Xf-CVC (pontuações alaranjadas) e nenhuma induziu sintomas característicos de Xf-ARC (clorose tardia acompanhada de necrose). Da mesma forma, das 279 colônias de Xf-ARC, 198 (71%) induziram sintomas característicos de Xf-ARC e nenhuma induziu sintomas de Xf-CVC. Não foi recuperada nenhuma colônia de Xf das plantas assintomáticas. Estes resultados confirmam a utilidade do fumo em diferenciar Xf-CVC de Xf-ARC e demonstram também que em citros e café naturalmente infectados há populações de Xf distintas quanto à patogenicidade. A proximidade das culturas amostradas e a ocorrência de insetos vetores comuns a ambas as culturas devem ter favorecido o movimento das linhagens entre as espécies. No entanto, os resultados aqui apresentados indicam que plantas cítricas não se constituem em fontes de inóculo para plantas de café e vice-versa. Os resultados são mais uma evidência de que Xf_CVC e Xf-ARC são específicos aos seus respectivos hospedeiros, confirmando experimentos de inoculação cruzada já conduzidos na UNAERP.